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terça-feira, 11 de maio de 2010

Suape das pequenas empresas

Polo atrator de investimentos que se contam aos bilhões de reais nas últimas décadas, o Complexo Industrial e Portuário de Suape não é mais apenas o local estratégico escolhido para a retomada da indústria naval brasileira, ou para a instalação da refinaria da Petrobras e grandes plantas industriais. O dinamismo de Suape bateu à porta dos empreendedores de pequeno e médio portes, que estão aproveitando a oportunidade gerada pela efervescência da região para incluir o seu negócio no circuito formado em torno dos chamados projetos estruturadores.

No verdadeiro território de oportunidades amadurecido ao longo dos anos, há lugar para empresas de variados ramos de serviços, como transportes, alimentação e vestuário – como mostrou, no dia 2 passado, reportagem especial assinada por Adriana Guarda. O maior desafio para os microempresários é conseguir o credenciamento para captar financiamento e obter ganhos de escala na produção. Mas uma vez aberta a janela, a oportunidade aproveitada tende a ser recompensada. Como no caso, descrito pela reportagem, de uma empresa de locação de ônibus e vans que conquistou seu espaço no mercado graças ao transporte de funcionários do Estaleiro Atlântico Sul. Ou de outra, que apostou na atividade de descascar inhame, macaxeira e batata-doce e hoje atende a seis empresas da região de Suape. Para o economista Sérgio Buarque, a enorme demanda por bens e serviços no interior do complexo tem como consequência a aceleração da economia local.

A aplicação de conhecimento especializado é outra vertente a ser explorada. Em fevereiro, 40 empresários de tecnologia da informação (TI) do Porto Digital estiveram com a direção de Suape, conversando sobre as possibilidades de negócios para o setor. As demandas por TI dizem respeito aos grandes e médios projetos que estão mudando rapidamente a face do Complexo Industrial Portuário. Questões ligadas à gestão de processos, logística, estoques, inventários, qualidade e meio ambiente necessitam do suporte de TI para dar conta de todo esse crescimento. É aí que surge o nicho claro para os empresários pernambucanos do setor.

Para ajudar na identificação de oportunidades que se estendem por boa parte da cadeia produtiva, foi montado um Mapeamento das Oportunidades de Negócios das Demandas dos Empreendimentos Estruturadores de Suape, enfocando as demandas da Refinaria Abreu e Lima, do Estaleiro Atlântico Sul e da Petroquímica Suape. O documento foi elaborado em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a alemã GTZ.

O levantamento lista nada menos que 300 chances de negócios para pequenos e médios empresários interessados em participar do novo boom do Complexo. Na apresentação do mapeamento para empresários de Jaboatão, um dado surpreendente foi levantado: de cada 15 empresários que visitam o Complexo com o intuito de se tornarem fornecedores das indústrias ali instaladas, somente um é pernambucano. O fornecimento para os grandes empreendedores é um dos filões, portanto, ainda pouco explorados pelos pequenos e médios empreendedores da terra.

Mas para que o fenômeno que desponta como solução não descambe para conhecidos problemas de adensamento populacional e crescimento desordenado – como a favelização ao lado da petroquímica de Camaçari, na Bahia – é preciso que o potencial de oportunidades de Suape seja organizado de maneira ampla e integrada. Neste sentido, o governo de Pernambuco lançou em 2008 o Suape Global, visando distribuir o desenvolvimento que pode ser proporcionado para as cidades vizinhas. A ideia é montar nesses municípios uma rede de bens e serviços relacionados a petróleo, gás e indústria naval. Neste contexto, cresce a relevância dos Planos Diretores municipais, que não podem ser isolados diante da realidade de Suape. Além disso, a urbanização de um dos maiores polos de desenvolvimento do País merece atenção especial do Estado, em todos os níveis de gestão, para que haja a articulação institucional indispensável ao bom proveito dos frutos de Suape para todos os segmentos empresariais.

Editorial - Jornal do Commercio (11.05.2010)

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